Relatório aponta irregularidades ambientais e sociais em Suape
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| Varal de roupas de uma das famílias vizinhas à Termelétrica Suape Energia, no Engenho Massangana — Foto: Plataforma Dhesca/Divulgação |
Violações
de direitos humanos e ambientais no Complexo de Suape, foram denunciadas em um
relatório lançado nesta quinta (6), na Defensoria Pública da União, em Recife.
Segundo o documento, as irregularidades vão desde a transgressão de regras e
procedimentos para licenciamentos ambientais até a conduta violenta e
ameaçadora a pessoas que fazem denúncias sobre isso.
O
documento foi produzido pela Plataforma Brasileira de Direitos Humanos
Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais (Dhesca) em parceria com o Fórum
Suape, uma organização não-governamental formada por pescadores, marisqueiros,
agricultores e outros segmentos que se sentem prejudicados pelo trabalho feito
em Suape.
O
Complexo de Suape tem cerca de 100 empresas. De acordo com o próprio complexo,
esses empreendimentos somam mais de R$ 50 bilhões em investimentos privados,
empregando um total de 22 mil trabalhadores diretamente.
O
relatório aponta que violações foram constatadas em uma visita entre os dias 7
e 11 de maio de 2018 às áreas que circundam o complexo, no Cabo de Santo
Agostinho e em Ipojuca, na Região Metropolitana.
Na
visita, as equipes constataram riscos e danos ambientais aos ecossistemas e à
biodiversidade local, além da violação de direitos ambientais e territoriais
dos moradores dos dois municípios. Segundo o texto, as atividades do complexo
prejudicam comunidades de pesca artesanal e agricultura familiar.
“Constatamos
a força dos impactos ambientais na vida de quem vive da região, principalmente
da pesca, já que os mangues e rios foram muito afetados pelas atividades do
porto”, afirma a assessora jurídica do Fórum Suape, Mariana Vidal.
O documento também denuncia a “conduta violenta e ameaçadora de
representantes do Complexo Industrial Portuário Governador Eraldo Gueiros para
com defensores e defensoras envolvidos em denúncias”. “Essa é uma forma de
forçar a saída das pessoas através de coações, da destruição de casas e do
roubo de materiais de pesca e de plantações”, diz Mariana.
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| Visita às comunidades do entorno do Complexo de Suape ocorreu entre os dias 7 e 11 de maio de 2018 — Foto: Plataforma Dhesca/Divulgação |
Além do lançamento do relatório ocorrido na Defensoria Pública da União,
no Recife, há previsão de que o documento seja lançado em uma audiência pública
do Conselho Nacional dos Direitos Humanos, em Brasília (DF), na segunda-feira
(10).
Resposta
Por meio de nota, o Complexo de Suape informa que, sobre as denúncias de
violações de direitos, “é uma empresa pública e, como tal, somente age em
conformidade com as normas legais e o interesse público” e que “é repudiada,
veementemente, a utilização de violência contra as famílias nativas da região”.
A nota diz, ainda, que “os agentes da segurança não trabalham no
território armados” e que “Suape não realiza demolições de casas de posseiros,
à exceção dos casos de reintegração judicial, decorrentes de homologações de
acordos na Justiça e de construções que estejam em processo por invasores”.
Sobre as denúncias na área social, “no diagnóstico elaborado para o
Plano Diretor Suape 2030, em 2011, foram identificadas 6.800 famílias que
moravam no território de Suape, das quais 4.180 residiam nas comunidades que
estão sendo consolidadas e que não serão remanejadas. Outras 2.620 famílias
moravam em áreas industriais ou de preservação ambiental e sob risco de
habitabilidade”
Fonte: G1


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